quinta-feira, 29 de março de 2007

EU TENTEI TE DAR UMA IDENTIDADE

Esta noite talvez pequei,
Tentei arrogante descreve-la,
desconstruí- la,

Lançar-me às águas fundas
dos mares enfurecidos
em busca de palavras,
rabiscos,
abismos,
das imensas e dolorosas horas
que me separam de ti.
Nestes tijolos pesados,
Neste meu sofrimento arcaico,
pesa sua branda sombra...
Me arrisco a explicar!
Eu homem desnudo de idéias,
ataco e enfrento qualquer colméia
sorrindo para os pontiagudos ferrões.
Mesmo assim o que me arrepia
é minha ousadia,
de querer dispor
você as multidões.
Traduzi-la para infinitas línguas,
os complexos e simbólicos idiomas antigos,
escritas cuneiformes,
hieróglifos
dos mais mortais e eternos inimigos.
Tentei via música
nas teclas brancas e frias de um piano,
mas de modo desumano e desafinado,
fui encontrar-me com notas indefinidas,
melodias desprovidas
de um entendimento lógico e direto.
Tentei mais uma vez agora via mística!
cada imagem,
versículo ou cataclisma,
perdiam-se na insensatez que se compreende
logo que qualquer um
tente por seu próprio Deus a prova.
Isso O incomoda!
Imutável e mudo,
um espesso muro de controvérsias.

Meu compreendimento
agora voltado à inércia
dos mistérios
que são ocultos...
Vago,
tento via veia,
sangue,
vasos,
fogo e lenha,
dentro dos músculos,
graúdos ossos,
a rapidez dos poros,
onde todo meu desejo transpira.

Respiro desesperado
feito um sufocado,
pesados cobertores no rosto,
por todos os lados...
Na pressa de explicar-te perante o sinédrio,
frente todas as civilizações,
com toda aquela coragem dos suicidas.
Corda envolta do pescoço,
esmagamento da traquéia,
foi-se vida...

Onde está minha somatória de explicações?
Em igrejas alegóricas?
tristezas de um sanatório?
nos molhados, sujos e barreados mictórios públicos?
Em cada ninho destes estive.
Em toda as rinhas,
fui ao final do mundo.
Não foi possível...
Não puderam explicar.
Como me descrever ou descreve-la
nesta madrugada de segunda-feira,
que você achou melhor
por hora deixar passar?
Fica para outra manhã,
um outro dia,
quem sabe algum bom poeta
melhor terminaria
mas como as duras penas são minhas,
não me decepciono
e volto novamente
ao meu eterno estado
de lhe esperar...

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