quinta-feira, 22 de maio de 2008

ESTA TAL RUA DA AMARGURA

Há quem jure como verdade.
Há quem esmurre.
Existem aqueles que praguejam,
que murmuram, lamentam.
Inventam para si amores,
criam novas dores,
pintam retratos antigos com novas cores.

Tem ainda os que alimentam medos,
ceiam feito mendigos,
suas canções são mantras oblíquos, que nada tem a dizer.

Mas esta aqui Não!
Ela acredita e jura.
A ponto de sair na noite escura, só para provar-te.
Insiste que não está mentindo.
é apenas seu próprio labirinto
que criou para te esquecer.

Ela jura feito um xiíta,
reza em sua complicada mesquita
mil ave-marias assassinas.

Com velas de umbanda ilumina,
a mente das concubinas
que sorrateiras gorjeiam no amanhecer.

Vaga pela noite clara,
em busca de uma vala,
de um abrigo,
um gozo,
um gemido que faça sentido e tenha ternura.

Cospe no chão cinzento,
ama mil homens ao relento
e sente-se ainda pura.


Mora longe,
se esconde em viaturas,
prega versada a vida alada,
descalça nestas empedradas ruas.
Onde sacia a sede alheia,
dá picos nas veias
e deita confortável
em um chão recheado de mortos.

Quanto a mim?
Não suporto mais esta mesmice,
se seu amor por mim existisse
não haveria um lado escuro na lua.

Por isso ando por aí deitado em novas camas,
pois quem me ama e me atura
são estas aí da vida,
que vivem feito bandidas,
entrincheiradas
nesta tal rua da amargura.