sexta-feira, 6 de julho de 2007

PANOS, TRAPOS E OUTRAS COISAS SEM VALOR

Noto em seu olhar
um pouco de pranto,
não me espanto
ao ler suas anotações.
Nas folhas passadas que foram alvas,
foi branco,
que hoje em uma mácula,
uma mágoa me traz.

Me vê sem ter mais que obrigação.
Vejo em seu criado mudo uma poesia sua,
um canto de luto,
uma procura surda,
uma cálida dissolução.

Neste cálice que entorna este vinho,
nesta rinha de decepções ao longo do vazio caminho,
caminho sozinho em sua direção.
Me enforco em seus galhos e espinhos, em seu ninho
espero minha extrema unção.
Me ocupo do desfecho deste nó,
este nódulo, duro calo, bem inóspito,
nesta inócua ressurreição de dores.

Não me calo,
extrapolo em choro.
Me vingo,
não me vendo,
não ligo para palavras dos outros,
pois não sabem o valor deste tesouro.
Esta riqueza que me fartava a mesa,
que sempre bendigo,
satisfaz aos olhos meus,
me salva do veemente perigo,
me traz às sutilezas de um consolo remido.

E meus problemas e seus rolos?
Serão passados,
atados a um baú de cimento e ébano.

Abandonaremos nossas casas.
Beijaremos pela última vez nossos fantasmas
e diremos adeus.
De nós,
apenas um lenço branco para eles.

Um sinal de paz,
de aconchego e ânimo.
Muito significado para um pedaço de pano.
Mas é isto mesmo,
é apenas um trapo
que deixaremos para trás.

8 comentários:

Unknown disse...

Eu me sinto uma previlegiada por ser a primeira a postar um comentário sobre essa poesia linda. Acho que vou acabar sendo repetitiva,mas,eu adorei.Amo a sua escrita.Ela é clara,limpa,inteligente.Meus parabens Lucas,linda,linda,linda! Bjsssssss.

VERA LAGAGGIO disse...

As tus poesias sao maravilhosas, gosto muito delas. Estas de parabéns. Bjs

Walmir disse...

Bela reflexão, meu amigo.
Um modo bom de se expressar, o seu.
Paz e bem

Poeta Cumpadi Caipirinha disse...

Bão poeta? Bão tameim!
Ocê iscrevi muitu bão!
Parabeins pelas poesias e um abraçu du cumpadi Caipirinha
www.ocaipirinha.zip.net

Bárbara disse...

Seu texto tem muito a ver com uma aula de redação que eu tive ontem. O essencial da aula era perder o medo de escrever, não pensar no que as pessoas iriam achar ao ler e revisar diversas vezes o contéudo, se preocupar com as idéias e com a forma com que se quer apresentá-las. Acho que você faz tudo isso muito bem!
Ao ler seus textos,desisto da idéia de abandonar os meus. Por pior que sejam os meus escritos, são treinos.
Agora eu entendo que:
Escrever não é como andar de bicicleta, se não praticamos, perdemos o jeito.
Não vou te parabenizar como todos fazem. Eu já sei que você sabe do que é capaz.
Só digo que continue alegrando minhas terças-feiras, creio que você entenderá.

Walmir disse...

Linda imagens. Parabéns.

Rosa Duval disse...

leio e releio... pq gosto mui de seus trabs, e sinto falta de mais e mais...

bjs

Nadia de Souza disse...

Estou sem palavras! Incrível! Acho que vou engavetar os meus escritos. Beijos