Noto em seu olhar
um pouco de pranto,
não me espanto
ao ler suas anotações.
Nas folhas passadas que foram alvas,
foi branco,
que hoje em uma mácula,
uma mágoa me traz.
Me vê sem ter mais que obrigação.
Vejo em seu criado mudo uma poesia sua,
um canto de luto,
uma procura surda,
uma cálida dissolução.
Neste cálice que entorna este vinho,
nesta rinha de decepções ao longo do vazio caminho,
caminho sozinho em sua direção.
Me enforco em seus galhos e espinhos, em seu ninho
espero minha extrema unção.
Me ocupo do desfecho deste nó,
este nódulo, duro calo, bem inóspito,
nesta inócua ressurreição de dores.
Não me calo,
extrapolo em choro.
Me vingo,
não me vendo,
não ligo para palavras dos outros,
pois não sabem o valor deste tesouro.
Esta riqueza que me fartava a mesa,
que sempre bendigo,
satisfaz aos olhos meus,
me salva do veemente perigo,
me traz às sutilezas de um consolo remido.
E meus problemas e seus rolos?
Serão passados,
atados a um baú de cimento e ébano.
Abandonaremos nossas casas.
Beijaremos pela última vez nossos fantasmas
e diremos adeus.
De nós,
apenas um lenço branco para eles.
Um sinal de paz,
de aconchego e ânimo.
Muito significado para um pedaço de pano.
Mas é isto mesmo,
é apenas um trapo
que deixaremos para trás.
sexta-feira, 6 de julho de 2007
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